Como Jair Bolsonaro poderia deixar o Brasil em caso de fuga — entenda o único caminho possível
- Wesley Perez
- 19 de jul.
- 2 min de leitura
Monitorado por tornozeleira e proibido de se aproximar de embaixadas, ex-presidente só poderia sair sob proteção de um carro diplomático — e essa operação exigiria precisão absoluta.

Se, em algum momento, Jair Bolsonaro decidisse deixar o país em meio às restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal, o caminho seria estreito — e extremamente arriscado. Por decisão judicial, o ex-presidente está proibido de se aproximar de missões diplomáticas e monitorado 24 horas por tornozeleira eletrônica. Isso torna qualquer tentativa de fuga convencional, seja por via aérea ou terrestre, praticamente impossível.
O único cenário plausível seria uma operação envolvendo um carro oficial de alguma embaixada. Veículos diplomáticos, conforme determina a Convenção de Viena, gozam de imunidade e não podem ser revistados ou interceptados pela polícia brasileira. Nesse caso, o movimento começaria dentro da sede diplomática, com um carro saindo discretamente rumo ao local onde Bolsonaro estivesse.
A aproximação precisaria ser rápida e precisa. O carro chegaria ao ponto combinado, Bolsonaro embarcaria em segundos — antes que qualquer ação policial pudesse ser montada. O alerta da tornozeleira, inevitável, avisaria a Polícia Federal assim que ele saísse do perímetro autorizado, mas a lei impediria qualquer tentativa de abordagem ao veículo.
A partir dali, o trajeto dependeria da embaixada escolhida. Se o destino fosse a dos Estados Unidos, o deslocamento seguiria para o Lago Sul, região das representações diplomáticas, em um percurso de cerca de 20 minutos pelas vias menos movimentadas de Brasília. O carro entraria direto pela portaria da embaixada, onde Bolsonaro estaria protegido pela imunidade diplomática.
Se a opção fosse a embaixada da Hungria, o trajeto seria mais curto, mas também mais exposto. Localizada na Asa Norte, a sede húngara exigiria passagem por áreas centrais e movimentadas da capital. O risco de ser notado seria maior, mas, uma vez dentro da embaixada, o ex-presidente também estaria fora do alcance imediato das autoridades brasileiras.
Independentemente do destino, o sucesso dessa manobra dependeria de fatores pouco controláveis: a colaboração efetiva da embaixada, a velocidade da operação e a ausência de qualquer vazamento ou imprevisto no trajeto. Uma movimentação captada por câmeras, um erro de cálculo ou uma reação mais rápida da Polícia Federal poderia comprometer tudo.
Ainda que se mantenha apenas no campo das possibilidades, este é, tecnicamente, o único caminho viável para uma eventual fuga do ex-presidente. Qualquer outra hipótese esbarra diretamente nas restrições judiciais e no cerco montado pelas autoridades brasileiras.
